Emoção, correria e raça!
Passei um tempo sem atualizar o blog. Mais da metade desse tempo eu gastei pensando em alguma história pra servir de desculpa pra vocês: amáveis e cremosos leitores. Pensei e pensei, mas não saiu nada. Minha criatividade saiu dizendo que ia comprar cigarros de droga e até hoje não voltou. Estou muito preocupado, pois ela é pequena e talvez não saiba se defender nesse mundo tão selvagem e cruel. Então, resolvi escrever a verdade.
Tudo começou quando eu estava assistindo um programa local de espotes e vi que iria acontecer um campeonato de futebol de salão com detentos da Penal (apelido carinhoso da penitenciária). Claro que eu não iria perder a chance de ver esses jogos que prometiam muita emoção, correria e raça. Saí de casa num domingo de manhã rumo ao ginásio onde aconteceriam as partidas. Estava bastante entusiasmado, tanto que fui a pé pro ginásio. Adoro fazer caminhadas matutinas no domingo. Eu caminhava feliz quando de repente, num lance de sorte, achei no chão um canivete daqueles que tem faca, saca-rolha abridor de garrafa, etc. e deve ter um nome, mas que no momento eu não me lembro. Imagine só a minha felicidade: já tinha diversão garantida com o campeonato e ainda ganhei um canivete! É... sou muito feliz, ou pelo menos era... No meio do caminho eu achei um pé de tangerina com muitas tagerinas (é claro...) maduras e não nenhum problema pra pegar algumas.
Vamos fazer um flashback: eu ia pro jogo, no caminho achei um canivete e mais adiante peguei algumas tangerinas. Quanta felicidade...
Sentei em um lugar muito bom na arquibancada. A visão de lá era perfeita. Acho que os torcedores também eram presidiários e exerciam enorme influência sobre os jogadores, pois quando um gritava da arquibanca: "Quebra ele!" ou "Derriiiiba ele!" os jogadores prontamente atediam ao pedido sutil do torcedor. A arbitragem seguia o "estilo europeu" e não marcava faltas "bobas". Enquanto os jogos aconteciam, eu me deliciava com as tangerinas.
E chegou a grande final entre Morro do Marrosa e Aviões do Esperança. Era uma partida deveras equilibrada e a torcida estava empolgadíssima. Senti que a partida teria bastante emoção, correria e raça, então pouco antes de começar o jogo me preparei pra chupar outra tangerina. Numa jogada de pura emoção, correria e raça, o jogador isolou a bola pra arquibancada, sendo que a mesma foi na direção da minha mão que empunhava o canivete. Foi inevitável e o canivete entrou todo na bola furando-a e chamando toda a atenção de quem estava no ginásio pra minha pessoa.
Quando eu vi vários detentos-jogadores-torcedores correndo em minha direção, não tive dúvida que a intenção deles não era me abraçar e carregar nos braços cantando "We are the champions". Aproveitei o canivete na mão e disse: "Êêê doooido, se chegar muito perto eu te furo, doooido!!!" Não adiantou muito e senti uma porrada nas costas e desmaiei.
Ainda bem que aqui no hospital tem computador e eu pude atualizar o blog pro Denílson ler. O médico disse que a minha prótese de perna tá chegando amanhã e as enfermeiras disseram que meu olho de vidro ficou perfeito. Só me incomoda um pouco o fato de digitar só com a mão esquerda já que a direita treme sem parar por causa do meu sistema nervoso danificado.
Fora isso, tá tudo bem e com muita emoção, correria e raça!
Tudo começou quando eu estava assistindo um programa local de espotes e vi que iria acontecer um campeonato de futebol de salão com detentos da Penal (apelido carinhoso da penitenciária). Claro que eu não iria perder a chance de ver esses jogos que prometiam muita emoção, correria e raça. Saí de casa num domingo de manhã rumo ao ginásio onde aconteceriam as partidas. Estava bastante entusiasmado, tanto que fui a pé pro ginásio. Adoro fazer caminhadas matutinas no domingo. Eu caminhava feliz quando de repente, num lance de sorte, achei no chão um canivete daqueles que tem faca, saca-rolha abridor de garrafa, etc. e deve ter um nome, mas que no momento eu não me lembro. Imagine só a minha felicidade: já tinha diversão garantida com o campeonato e ainda ganhei um canivete! É... sou muito feliz, ou pelo menos era... No meio do caminho eu achei um pé de tangerina com muitas tagerinas (é claro...) maduras e não nenhum problema pra pegar algumas.
Vamos fazer um flashback: eu ia pro jogo, no caminho achei um canivete e mais adiante peguei algumas tangerinas. Quanta felicidade...
Sentei em um lugar muito bom na arquibancada. A visão de lá era perfeita. Acho que os torcedores também eram presidiários e exerciam enorme influência sobre os jogadores, pois quando um gritava da arquibanca: "Quebra ele!" ou "Derriiiiba ele!" os jogadores prontamente atediam ao pedido sutil do torcedor. A arbitragem seguia o "estilo europeu" e não marcava faltas "bobas". Enquanto os jogos aconteciam, eu me deliciava com as tangerinas.
E chegou a grande final entre Morro do Marrosa e Aviões do Esperança. Era uma partida deveras equilibrada e a torcida estava empolgadíssima. Senti que a partida teria bastante emoção, correria e raça, então pouco antes de começar o jogo me preparei pra chupar outra tangerina. Numa jogada de pura emoção, correria e raça, o jogador isolou a bola pra arquibancada, sendo que a mesma foi na direção da minha mão que empunhava o canivete. Foi inevitável e o canivete entrou todo na bola furando-a e chamando toda a atenção de quem estava no ginásio pra minha pessoa.
Quando eu vi vários detentos-jogadores-torcedores correndo em minha direção, não tive dúvida que a intenção deles não era me abraçar e carregar nos braços cantando "We are the champions". Aproveitei o canivete na mão e disse: "Êêê doooido, se chegar muito perto eu te furo, doooido!!!" Não adiantou muito e senti uma porrada nas costas e desmaiei.
Ainda bem que aqui no hospital tem computador e eu pude atualizar o blog pro Denílson ler. O médico disse que a minha prótese de perna tá chegando amanhã e as enfermeiras disseram que meu olho de vidro ficou perfeito. Só me incomoda um pouco o fato de digitar só com a mão esquerda já que a direita treme sem parar por causa do meu sistema nervoso danificado.
Fora isso, tá tudo bem e com muita emoção, correria e raça!